O Instituto PIPA, em parceria com Camden Sentido, exibe uma mostra de vídeos online, com curadoria de Luiz Camillo Osorio, com o tema “Brasil, um país, muitos mundos”. Dez artistas foram selecionados e seus trabalhos estão sendo exibidos em pares de acordo com o tópico descrito abaixo por Camillo. Os vídeos selecionados para a mostra, exclusiva em nosso site, poderão ser vistos entre junho e outubro.
O quinto e último vídeo irá mostrar os trabalhos “Fogo Cruzado”, de Luiz Roque, e “Akinesia” de Vijai Patchineelam.
‘Brasil, um país, muitos mundos’
“Ser um país continental onde coabitam megalópoles como São Paulo e florestas como a amazônica, misturar religiões e etnias, fundir cozinhas e peles, fazer conviver, aos trancos e barrancos, ameríndios e japoneses, negros, pardos e brancos, ser simultaneamente pós-tudo e medieval, faz do Brasil um caldeirão de mundos. Em um momento crítico, no qual o abismo cresceu, cabe aos artistas ser uma voz de atrito e resistência. Um pouco disso aparecerá nessa seleção de artistas, onde todas as geografias se fazem presente e as muitas sensibilidades entram em combustão. Para ganharmos alguma objetividade na determinação das duplas – mantendo a questão de um país, vários mundos e a composição diversidade/adversidade – selecionamos quatro referências conceituais que irão balizar o diálogo entre as duplas. 1: pós-colonialidade e altermodernidade; 2 – religião e política; 3 – tropicalismo e gênero; 4 – conflitos sociais em uma sociedade fraturada.”
Ronald Duarte, “Fogo Cruzado”, 2010. Duração: 3’43”.
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Vijai Patchineelam, “Akinesia”, 2015. Duração: 09’55”.
Introdução de Luiz Camillo Osorio.
Os vídeos “Akinesia” de Vijai Patchineelam e “Fogo Cruzado” de Ronald Duarte encerram a programação do PIPA para o festival Camden Sentido. Dois artistas cariocas cujas obras nascem da intensidade urbana e dos conflitos sociais que marcam a vida no Rio de Janeiro. Ambos fazem dessa realidade acontecimento visual. Em “Akinesia” a justaposição rápida de imagens vai atacando a percepção como se o nosso olhar estivesse em deslocamento rápido e tendo o cenário ruidoso arranhando a retina. Nada se estabiliza, não há tempo para ver, tudo se mostra de relance. É ainda dentro da vertigem que a vida é jogada. A mesma pulsão está presente no vídeo-performance de Ronald Duarte. Realizado em uma madrugada no bairro carioca de Santa Tereza a trilha de fogo nos trilhos do bonde põe em cena o inadmissível do cotidiano de uma cidade deflagrada – onde a vida vale pouco, especialmente a dos mais pobres e excluídos. A transgressão do inadmissível é a capacidade de transformá-lo em celebração da vida. A performance musical do coletivo Hapax é parte integrante da potência estética e política do filme. Pulsão de morte e pulsão de vida se misturam e os riscos são imensos – é aí que tudo pode acontecer. “Akinésia” e “Fogo Cruzado” produzem com suas imagens o choque que nos tira da letargia paralisante.
Luiz Camillo Osorio (Curador do Instituto PIPA, ex curador chefe do MAM-Rio e Diretor do departamento de filosofia da PUC-Rio).
Ronald Duarte é Mestre em História da Arte com habilitação em Linguagens Visuais, pela UFRJ, Rio de Janeiro, RJ. Nos últimos 20 anos participou de importantes exposições e eventos culturais no Brasil e no Mundo. Faz sua primeira individual em 1999 no IBEU de Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, em 2000 expõe no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ; em 2001 e 2002 ganha o Prêmio Interferências Urbanas em Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, com os trabalhos “O Que Rola Vc Vê” e “Fogo Cruzado”; em 2010 participa como convidado da 29ª Bienal de São Paulo, SP, e participa da exposição Afro-Modern na Tate Galery, Liverpool, Reino Unido; em 2011 ganha o Prêmio da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, RJ, apresenta o trabalho “Peito de Aço” no mesmo ano participa da 4ª Bienal de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, Portugal, apresentando o trabalho “O Brilho dos Olhos”; em 2012, Ano do Brasil em Portugal, é convidado como curador e artista no projeto “Tranza Atlântica” em Guimarães, Portugal, Capital Cultural Européia; em 2013 é convidado a participar da Feira do livro de Frankfurt no Ano do Brasil na Alemanha; em 2014 apresenta “Matadouro/Boiada de Ouro”, no Neuen Berliner Kunstverein, Berlim, Alemanha.
Vijai Patchineelam recentemente concluiu a sua participação no Jan van Eyck Academie, nos Países Baixos. Exposições individuais incluem “Resistir o passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ (2015), “Ataques Selvagens de Cinismo”, na Galeria Ignacio Liprandi, Buenos Aires, Argentina e “Cut Corner”, Seven Art Gallery, Nova Délhi, Índia (ambas em 2013). Expôs em coletivas como “Panoramas do Sul” no 18º Festival Videobrasil, São Paulo, SP (2013) e “Sarai Reader 09: The Exhibition (Episodes 1 and 2)”, Devi Art Foundation, Nova Délhi, Índia (2012).
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O Instituto PIPA, em parceria com Camden Sentido, exibe uma mostra de vídeos online, com curadoria de Luiz Camillo Osorio, com o tema “Brasil, um país, muitos mundos”. Os vídeos, exclusivos para nosso site, poderão ser vistos entre junho e outubro. Veja a programação completa.
Camden Sentido é um programa anual de artes organizado pela Borough of Camden, Londres. Para coincidir com os Jogos Para/Olímpicos de 2016 e o São Paulo Arte Bienal, este ano Camden irá destacar todas as coisas do Brasil unindo o espírito do Brasil com o espírito de Camden através dos sons, cheiros, gostos, visões e sentimentos que os conectam. Camden Market será a casa de um programa central que inclui performances, shows, palestras, exposições e workshops de parceiros, incluindo Central Saint Martins, Wembley ao Soweto Foundation, Mais Um Disco, Paredes em Paredes, Argent e Camden Tour Guides. Camden Sentido também irá produzir projetos em parceria com Roundhouse, Latitude, PIPA e a Frieze de Londres.