(Rio de Janeiro, RJ)
O espaço de arte Átomos inaugura, no dia 29 de setembro, a exposição coletiva “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, com os artistas Adriano Costa, Alair Gomes, Anna Franceschini, Beto Shwafaty, Carlos Vergara, Caroline Valansi, Débora Bolsoni, Dominique Gonzalez-Foerster, Glaucia Mayer, Guga Ferraz, Guerreiro Do Divino Amor, Hélio Oiticica, Joe Williamson, Maria Sabato, Mario Testino, Manoela Medeiros, Marcos Chaves, Miúda, Pedro Flutt, Pedro Victor Brandão, Pedro Rocha, OPAVIVARÁ!, Oliver Bulas (com Arthur Manhães, Luiz Antonio da Freitas Silva e Natasha Pasquini), Raymundo Amado, Rodrigo Matheus, Romain Dumesnil, Rosângela Rennó e Vivian Caccuri. A curadoria é de Bernardo Jose De Souza e Victor Gorgulho.
Átomos apresenta Vivemos na melhor cidade da América do Sul, projeto que explora a paisagem cultural e política do Rio de Janeiro.
“Vivemos na melhor cidade da América do Sul”
Como todo movimento explosivo, o Tropicalismo deixou marcas em diversos pontos da cultura brasileira e, à medida que o tempo passa, descobrem-se fragmentos que ainda fervilham e geram novos focos de criação de alguma forma tributários daquele final dos anos 60. “Baby”, composição de Caetano Veloso, repousa até hoje na história da música brasileira como epítome do movimento. A composição, sétima faixa do álbum-manifesto Tropicália ou Panis et Circencis, interpretada por Gal Costa, segue à risca a cartilha de composição da canção tropicalista e, revestida de uma roupagem pop, sugere e escancara diversas questões da ascendente sociedade de consumo da época (“você precisa saber da piscina, da margarina, da Carolina, Projeto exposição Vivemos na melhor cidade da América do Sul da gasolina…”).
Da canção, os curadores Bernardo José de Souza e Victor Gorgulho tomam, em especial, o verso “vivemos na melhor cidade da América do Sul”, que acaba por dar título a mostra. Ainda que saibamos que o compositor vivesse na capital paulista à época da composição da canção, uma espécie de consenso geral insiste em apontar o Rio de Janeiro como a cidade implícita no verso (é Celso Favaretto quem nota, no livro “Tropicália, Alegoria, Alegria” que o compositor propositadamente acabou por nunca revelar sobre qual cidade está falando). Mas é a partir da suposição de que a capital carioca resida no cerne da afirmação de Veloso, que a exposição propõe questionar e problematizar o impulso utópico irradiado pelo verso e suas consequências e desdobramentos, ao longo das últimas décadas e no atual cenário da cidade.
Ao relativizar a imagem consolidada nos cartões postais, a exposição explora noções contraditórias da identidade carioca, ora reforçando as tintas idílicas que banham a cidade, ora mapeando as zonas cinzentas que compõem o painel multicultural do espaço urbano e da geografia natural que funcionam como síntese da cultura brasileira. Serão exibidos trabalhos de cerca de 25 artistas, entre jovens e veteranos, brasileiros e estrangeiros. A francesa Dominique Gonzalez-Foerster exibe o vídeo “Plages”, de 2001, em que registra o Reveillón na orla de Copacabana, vislumbrando as possibilidades utópicas presentes na praia carioca. Outros artistas estrangeiros a participarem do projeto são Oliver Bulas (Alemanha), Anna Francescchini (Itália), Antoine Guerreiro do Divino Amor (França) e Joe Williamson (Inglaterra).
Carlos Vergara e Hélio Oiticica, que iniciam suas trajetórias artísticas na década de 60, assinam os trabalhos mais antigos da exposição: o primeiro com uma icônica foto da série “Cacique de Ramos”, um dos mais famosos documentos do carnaval carioca na década de 70; o segundo com seus escritos sobre o happening “Apocalipopótese”, de 1968, que também integra o projeto no filme em Super-8 de Raymundo Amado, recuperado recentemente por ocasião da exposição de Lygia Clark no MoMA, em Nova York. O carioca Marcos Chaves apresenta o vídeo inédito “O corte e o beijo”, feito nas proximidades do próprio Espaço Átomos. Durante sua duração, o projeto ainda contará com performances, exibição de filmes e conversas.
Apoio:
Concessionária Porto Novo – Ação Social
Consulat Français
Institut Français
Intituto Italiano de Cultura
Equipe de mediação:
Casa-França Brasil
Sobre o Átomos
Átomos é um espaço de arte autônomo idealizado pelos artistas Manoela Medeiros e Romain Dumesnil localizado no Rio de Janeiro, Brasil. Plataforma híbrida unindo um ateliê e um espaço de experimentação multidisciplinar em práticas artísticas e curatoriais, Átomos tem como objetivo de desenvolver atividades expositivas e performativas, artes cênicas, projeção de filmes, performances sonoras, conversas, leituras e outras formas de trocas relacionadas a processos criativos e coletivos.
“Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, coletiva com Adriano Costa, Alair Gomes, Anna Franceschini, Beto Shwafaty, Carlos Vergara, Caroline Valansi, Débora Bolsoni, Dominique Gonzalez-Foerster, Glaucia Mayer, Guga Ferraz, Guerreiro Do Divino Amor, Hélio Oiticica, Joe Williamson, Maria Sabato, Mario Testino, Manoela Medeiros, Marcos Chaves, Miúda, Pedro Flutt, Pedro Victor Brandão, Pedro Rocha, OPAVIVARÁ!, Oliver Bulas (com Arthur Manhães, Luiz Antonio da Freitas Silva e Natasha Pasquini), Raymundo Amado, Rodrigo Matheus, Romain Dumesnil, Rosângela Rennó e Vivian Caccuri
Curadoria de Bernardo José de Souza e Victor Gorgulho
Abertura: 29 de setembro, às 18h
Em cartaz até 02 de outubro
Átomos
Rua Sara 18, Santo Cristo – Rio de Janeiro