(Porto, Portugal)
O Museu de Arte Contemporânea de Serralves recebe a partir de semana que vem a mostra itinerante da 31ª Bienal de São Paulo, Como (…) coisas que não existem. A exposição conta com trabalhos de artistas como Armando Queiroz, Clara Ianni, Éder Oliveira, Gabriel Mascaro e a finalista do PIPA 2015, Virginia de Medeiros.
Como (viver) coisas que não existem apresenta 28 artistas e coletivos de artistas selecionados entre os participantes na 31ª Bienal de São Paulo, que teve lugar no pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no Parque Ibirapuera de 6 de setembro a 7 de dezembro de 2014. A seleção curatorial para Serralves foi realizada por Charles Esche, Galit Eilat e Oren Sagiv, três dos curadores da exposição de São Paulo.
A investigação que a exposição faz do potencial revelador da arte está a ser reconfigurada de acordo com o contexto físico, social e cultural da cidade do Porto e do Museu de Serralves. As obras de arte selecionadas, desde pinturas e esculturas até vídeos e instalações, condensam as ideias da exposição brasileira e centram-se no modo como a arte pode alterar formas de pensar o mundo. Imaginando modelos de vida e sociedade que são diferentes ou (ainda) não existem, as obras de arte questionam a autoridade da religião, da história e dos sistemas de controlo e apontam de que modo ela poderia ser diferente. O título da exposição está, ele próprio, em constante transformação, com o verbo mutante a sugerir alguns dos muitos e diferentes tipos de experiência da arte enquanto processo de devir. Além das obras da Bienal, a apresentação em Serralves integra um programa de discussões especialmente comissariadas (o Programa no Tempo) que terão lugar num espaço a elas dedicado no âmbito da exposição. Como (aprender com) coisas que não existem inclui também uma obra importante do artista Cildo Meireles pertencente à Coleção Serralves.
O trabalho de outros artistas brasileiros está fortemente representado na seleção e revela os modos em que a atual geração de artistas emergiu da sombra do tropicalismo e do modernismo brasileiro. Artistas da Argentina, Bósnia Herzegovina, Canadá, Chile, China, Colômbia, Egipto, Israel, Itália, Líbano, Palestina, Polónia, Portugal, Rússia, Espanha e Turquia serão também mostrados, bem como uma série de projetos concebidos para a Bienal.
Entre várias obras notáveis contam-se os vigorosos retratos de parede de Éder Oliveira (1983, Brasil); o vídeo Ymá Nhandehetama de Armando Queiroz (1968, Brasil), que fala da invisibilidade dos indígenas no Amazonas no seu próprio país; os desenhos de rios de Anna Boghiguian (1946, Egipto) e a instalação cinematográfica da autoria de Virginia de Medeiros (1973, Brasil) abordam questões relacionadas com género, rituais religiosos e espiritualidade. A instalação transparente de Voluspa Jarpa (1971, Chile) e o trabalho em vídeo de Clara Ianni (1987, Brasil) reúnem os fantasmas do passado colonial e os legados da ditadura. Tanto essas histórias como a intensidade da vida urbana contemporânea estão sempre presentes em toda a exposição. Esta bienal reimaginada adquire ainda um caráter mais ficcional e metafórico com as instalações de Walid Raad (1967, Líbano), Edward Krasinski (1925-2004, Polónia), as pinturas de Wilhelm Sasnal (1972, Polónia) e um filme dramático de Yael Bartana (1970, Israel) que imagina a destruição do Templo de Salomão, em São Paulo.
“Como (viver) coisas que não existem”, com Armando Queiroz, Clara Ianni, Éder Oliveira, Gabriel Mascaro e Virginia de Medeiros
Curadoria de Charles Esche, Galit Eilat e Oren Sagiv
Abertura: 1 de outubro
Em cartaz até 17 de janeiro de 2016
Museu de Arte Contemporânea de Serralves
Rua D. João de Castro, 210 – 4150-417
T: +351 226156500
www.serralves.pt