(Rio de Janeiro, RJ)
A LURIXS: Arte Contemporânea recebe a partir de 20 de abril, “Fenestra”, exposição de trabalhos inéditos de Raul Mourão. A mostra ocupa a área principal e o espaço do acervo da galeria com 5 esculturas cinéticas e 8 pinturas, que se inspiram em formas de janelas para criar obras de ‘geometria impura’. A abertura será realizada hoje.
Se desde o final dos anos 1980, Mourão se dedica à observação de grades de segurança nas cidades, pesquisa que deu origem à série Grades, agora o artista se volta para a forma das janelas, usando sua geometria para criar esculturas cinéticas em aço corten e, sobretudo, pinturas. Fenestra é a primeira exposição de Mourão que tem a pintura como protagonista. As obras não são feitas de forma tradicional, com o uso de pincéis, mas com espécies de carimbos retangulares que, embebidos em tinta, marcam a tela. “Até o ano passado minha pintura era exclusivamente geométrica, composições abstratas inspiradas em setas de sinalização de obras públicas. A nova série Janelas experimenta a fatura pictórica num processo mais lento entre a abstração e a figura. É uma pintura sem pincel, mas que é, ainda assim, a construção de uma imagem no plano através da aplicação de acrílico sobre tela” – diz Mourão.
Há também um novo movimento: enquanto a série Grades se refere à crise de segurança pública, à violência e parte da observação da cidade, as Janelas são um trabalho que surge dentro do ateliê a partir de uma série de desenhos iniciados em julho de 2014. “A observação da paisagem da cidade está presente novamente porém de forma distinta, as pinturas agora são representações, e não mais apropriações direta de objetos do real. Há a escala real da janela e formas que sugerem paisagens, objetos da rua ou interior de apartamentos. As imagens não são intencionalmente claras, nítidas, são formas abertas ao olhar do espectador”- completa o artista.
Na galeria principal, Mourão expõe duas pinturas de janelas na parede em que antes, de fato, havia janelas. No mesmo ambiente, estão ainda três esculturas cinéticas. Já no espaço do acervo da Lurixs, localizado em frente ao sobrado principal, Mourão apresenta a primeira escultura da série Janelas, usada como cenário no espetáculo em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, em 2013, no Instituto Moreira Salles. Nesse espaço, o artista mostra também um múltiplo inspirado na célebre obra Fresh Widow (1920), de Marcel Duchamp.
O escritor Eucanaã Ferraz, que assina o texto da exposição, usa o termo ‘geometria impura para se referir à obra de Mourão: “A abstração dos trabalhos de Raul Mourão sempre se baseou em dinâmicas indistintas e problemáticas. Afinal sua geometria tem origem nos objetos cotidianos, como fachadas de edifícios, campos de futebol, grades e sinalizações de obras públicas. Se, ao longo de sua carreira, o artista passou a aspirar organizações formais cada vez mais livres, nunca deixou de exibir, simultaneamente, a memória de processos de pesquisa arraigados à vivência urbana e cotidiana. Resultou daí uma espécie de abstração reconhecível, contaminada de experiências corporais, simbólicas, afetivas, reminiscências individuais e coletivas. Ou seja, estamos diante de uma geometria impura”, escreve.
“Fenestra”, individual de Raul Mourão
Abertura: 17 de abril
Exposição: 20 de abril
Em cartaz até 29 de maio
LURIXS: Arte Contemporânea
Rua Paulo Barreto 77, Botafogo
Funcionamento: segunda a sexta, das 10h às 19h
T +55 (21) 2541 4935
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