(Rio de Janeiro, RJ)
O Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro apresenta desde o 21 de novembro um apanhado de obras do artista Amilcar de Castro, incluindo esculturas monumentais no exterior do museu e outras de grande e pequeno porte no interior, junto a experiências do artista com vidro e pinturas.
Adaptado do texto original por Paulo Sergio Duarte, curador:
A obra de Amilcar de Castro se apresenta como um dos elevados momentos da arte da segunda metado do século XX. Que essa obra tenha se materializado num país de periferia, com mais da metade de sua população habitando a zona rural na década de 1950, é um dos problemas que críticos e historiadores da arte do hemisfério norte só agora começam a tentar compreender. O “Manifesto Neoconcreto”, escrito pelo poeta e crítico Ferreira Gullar e assinado pelo autor, por Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis; a “Teoria do não objeto”, de Gullar, e um conjunto de textos de Mário Pedrosa, escritos ao longo da década de 1950, testemunhavam sobre a emancipação crítica e teórica sobre a arte no Brasil. O “Manifesto Neoconcreto” é um momento privilegiado dessa reflexão ao se opor ao positivismo naïve dos teóricos do concretismo e seu “objetivismo”.
Para esse nível de compreensão da arte ser atingido, num país que vivia o empenho do segundo governo Vargas e, logo depois, o Programa de Metas de Juscelino Kubitschek com a construção de Brasília, era necessário que, além da aventura arquitetônica, houvesse um conjunto de obras de arte significativo, ainda que de circulação extremamente restrita pela ausência de um comprometimento efetivo na formação de coleções públicas. Toda a rica reflexão crítica e teórica se fundava, sobretudo, numa produção local. A obra de Amilcar de Castro é um dos pilares dessa produção. E não é exagerado dizer que é um dos elevados momentos da arte da segunda metade do século XX.
Retrospectivamente, observando-se com a distância de várias décadas, a produção escultórica desse período, tanto a europeia, a norte-americana, como a japonesa, tem-se a ideia da dimensão da contribuição de Amilcar que se manifesta com destaque desde a 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. O poder da obra, sua potência poética, reside na coerência do método, perseguido ao longo de toda a trajetória do trabalho. Na escultura, são raríssimos os trabalhos em que se encontra a solda. O método foi partir de um plano quadrado, retangular, de um quadrilátero irregular ou circular, realizar um corte e a dobra, gerando não apenas a tridimensionalidade, mas, sobretudo, uma nova experiência do espaço. As possibilidades desse método, ao visitante, estão demonstradas desde esculturas monumentais no exterior do museu, nas de grande e pequeno porte, e nas 140 esculturas que têm em comum não se repetir e ter ao menos em uma de suas dimensões 23 cm.
Ao método de corte e dobra, a partir da década de 1980, vem se somar o método da utilização de blocos de aço e madeira no qual serão realizados apenas cortes que permitem, pelo deslocamento entre as partes, diversos exercícios de experiência da escultura. Alguns desses trabalhos foram também realizados em mármore. A esses se juntam as experiências de escultura em vidro, raramente apreciadas, e os magníficos “desenhos”, como Amilcar chamava suas pinturas sobre tela e sobre papel. Espero que aquele que estiver aqui lendo esse texto volte a visitar essa magnífica lição sobre a arte que é a obra de Amilcar de Castro.
Mostra retrospectiva com as obras de Amilcar de Castro
Em cartaz até 1º de março
Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro
Av Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo 20021-140 Rio de Janeiro RJ Brasil.
T +55 (21) 3883 5600
www.mamrio.org.br facebook/museudeartemodernarj
twitter/mam_rio
Horários
ter – sex 12h – 18h | sáb, dom e feriados 12h – 19h
A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação.
Ingressos
Exposições R$12,00 (inclui uma sessão gratuita na cinemateca válida no dia da emissão do ingresso).
Maiores de 60 anos e estudantes maiores de 12 anos R$6,00. Domingos ingresso família até 5 pessoas R$12,00.
Cinemateca R$6,00
Maiores de 60 anos e estudantes maiores de 12 anos R$3,00. GRATUIDADES Amigos do l, crianças até 12 anos e funcionários das empresas mantenedoras e parceiras (mediante apresentação de crachá, com direito a um acompanhante) e quartas após às 15h.
Como chegar Referência: O Museu de Arte Moderna está localizado entre o Monumento aos Pracinhas e o Aeroporto Santos Dumont
Ônibus (linhas e pontos)
Da Zona Sul >> Via Parque do Flamengo: 472 (Leme), 438(Leblon),154 (Ipanema), 401 (Flamengo), 422 (Cosme Velho). Ponto na Avenida Beira Mar em frente à passarela.
Via Aterro: 121, 125 e 127 (Copacabana). Ponto na Avenida Presidente Antônio Carlos em frente ao Consulado da França.
Da Zona Norte >> 422 (Tijuca), 472 (São Cristóvão), 438 (Vila Isabel),401 (Rio Comprido). Ponto na Avenida Presidente Wilson, em frente à Academia Brasileira de Letras.
Da Zona Oeste >> Frescão Taquara-Castelo (via Zona Sul). Ponto mais próximo localiza-se na Avenida Presidente Wilson, em frente à Academia Brasileira de Letras.
Metrô: Estação Cinelândia
Acesso a deficientes Cadeiras de rodas, rampas de acesso até os salões de exposição, elevadores e sanitários especiais.
Estacionamento Pago no local 7h – 22h
Para mais informações acesse http://mamrio.org.br.