Últimos dias | “A realidade do sonho”, com Eduardo Frota, Júlio Leite, Lourival Cuquinha, Solon Ribeiro e Yuri Firmeza

(Fortaleza, CE)

O presente recorte da coleção do Centro Cultural Banco do Nordeste foi realizado a partir da obra do artista Chico da Silva, que vive o sonho de uma forma tão intensa quanto a realidade, seja na criação de suas obras com seus bichos fantásticos, seja na sua própria biografia ou até mesmo nas dúvidas sobre a autoria de suas telas. Chico da Silva, para além do que pode ser atribuído à sua ingenuidade sonhadora ou à loucura que o levou ao internamento, instaura a convergência entre diferentes temporalidades: o tempo do sonho, do imaginário, do sertão, do urbano, do indivíduo, do capital, da política e o tempo geográfico. O que antes era repassado oralmente nas estórias e causos, impressos em cordeis e xilogravuras pelos artistas do sertão, hoje experimentamos nas nossas vidas virtuais.

Temos assim, um tempo híbrido, multicultural, universal e local no conceito de Rancière. O que permitiu inserir na exposição, artistas populares e contemporâneos, do serão e da cidade, explorando conexões entre estes tempos que atravessam a História da Arte Nordestina para criar outros sentidos – talvez como forma de resistência – de arte e de vida. São 55 obras que oferecem uma forma livre de observar e entendê-las por meio de relações entre si que ampliam e atualizam as questões presentes na obra de Chico da Silva, em vez de uma narrativa cronológica.

O visitante tembém pode aprofundar seus conhecimentos sobre a obra de Chico da Silva, assistindo um vídeo sobre a Escola do Pirambu e lendo a rica dissertação de mestrado da pesquisadora Adriana Botelho “Chabloz vê Chico, Chico vê Chabloz: Estudo do conceito de arte primitiva na obra pictórica de Chico da Silva”, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Aliviando o peso realista da vida, os trabalhos dos artistas presentes nesta mostra convertem-se em chave para a apresentação de temas universais, da vida contemporânea e nos lança num jogo de significação metafísica, compondo um poema imagético que modifica a lógica racional do dia- a-dia.

Não se trata de identificar se o que está sendo apresentado é ficção ou realidade, mas reconhecer que esse imaginário “pula do sonho” e passa a ser real. Assim como nas novelas do escritor e dramaturgo italiano Luigi Pirandello, publicadas entre 1894 e 1934, refletem e exprimem o contraste entre o que parece e o que deve ser, entre vida e forma ou ainda, o que há de real no sonho que se concretiza no corpo e na alma, como sua personagem da A Realidade do Sonho, que se expôs às provas e aos desafios brotados do seus sonhos, na vida real. – Por Jaqueline Medeiros, curadora.


Artistas participantes: Abraão Batista, Amanda Melo, Batista Sena, Bruno Faria, Calazans Neto, Carlos Mélo, Cornélio, Cristiano Lenhardt, Diego dos Santos, Dila, Eduardo Eloy, Eduardo Frota, Fernando Peres, Francisco de Almeida, Gaio Matos, J. Borges, J.Miguel, José Costa Leite, Júlio Leite, Lourival Cuquinha, Luisa Nóbrega, Manoel Graciano, Marina de Botas, Sebastião de Paula, Sigbert Franklin, Solon Ribeiro, Stenio Diniz, Thiago Martins de Melo, Yuri Firmeza e Zenon Barreto.

“A Realidade do Sonho”, com participações de Eduardo Frota, Júlio Leite, Lourival Cuquinha, Solon Ribeiro e Yuri Frmeza, entre outros
Curadoria de Jacqueline Medeiros
De 11 de junho a 31 de julho
Terça a sábado, das 10 às 19h

Centro Cultural Banco do Nordeste
Rua Conde D’Eu 590 – Centro
Fortaleza / Ceará / Brasil
55-85-3464-3108
55-85-3464-3177
cultura@bnb.gov.br
www.bnb.gov.br/cultura



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