(São Paulo, SP)
O artista Éder Roolt está em cartaz na galeria Oscar Cruz com a mostra “Telas inventadas, pinturas da mente”, curada por Ricardo Resende.
Sobre a mostra (texto do curador Ricardo Resende):
Uma trajetória do olhar. Telas reviradas do avesso. Pinturas do avesso. Inventar a pintura. Éder Roolt vê pintura em tudo e busca com isso este “estado inventivo” dito por Hélio Oiticica. É um pintor e é da pintura que trata em suas telas.
Engenheiro químico de formação, não consegue separar as coisas, melhor, gosta de separar e desconstruir a matéria que compõe o mundo. O mundo que compõe a pintura.
Evidentemente que na pintura já aconteceu de tudo que se possa imaginar de temas, formas de pintar e não pintar. Artistas chegaram até a implodi-la (não foi literal), como fizeram os cubistas. Outros artistas tentaram acabar com a pintura de cavalete e de quadro, como o fez Piet Mondrian nas primeiras décadas do século XX, em que extrapolou com suas pinceladas as bordas da tela resvalando para a parede que servia apenas de apoio ao retirar a moldura e pintar as laterais da mesma.
A história da pintura é de longa data, de séculos, se não milenar, e em toda a sua trajetória passou por grandes transformações de acordo com a sociedade e às épocas.
A pintura continua forte e presente na produção atual. Temos artistas que se dedicam a investigar a linguagem pictórica trazendo novos questionamentos para a linguagem. Em alguns casos, reinventando-a.
É o que o artista Éder Roolt busca, embora, e sem desmerecimento do que faz, não haja nada de novo na sua técnica de pintar realisticamente os seus temas. Muitos artistas já o fizeram em outras épocas e outros também o fazem na atualidade. Refiro-me aqui como exemplo às obras de Iran do Espírito Santo e Hildebrando de Castro. Artistas que são referência para Éder Roolt. Embora os três artistas trabalhem o realismo ou hiper-realismo cada um à sua maneira, os três têm pesquisas e interesses diferentes. Tanto na forma de pintar como na escolha temática ou ainda, na sua maneira de provocar o nosso olhar. No caso de Éder Roolt, suas pinturas não são exatamente o que vemos ou imaginamos ver.
Roolt faz suas pinturas e esculturas de forma bastante rigorosa e obsessiva na busca da perfeição. Uma pintura que cria efeitos de realidade ao imitar, por exemplo, o amassado do papel celofane. Pinta o plástico bolha que embala uma tela de tal maneira que num primeiro olhar pensamos estar de fato diante de uma tela embalada com este material. E é de fato. É a matéria real transformada em pintura.
Os trabalhos de Éder tratam da visão em paralaxe, ou seja, o que vemos não é bem o que vemos. Vemos coisas que não corresponde a realidade. O que vemos é uma pintura da pintura ou uma pintura dentro de uma pintura que mimetiza o fundo de uma tela ou de uma lata.
O interessante é nos levar a pensar ou pintar com a mente a pintura que não vemos. Uma pintura que só existe na mente de quem observa. Cada um imagina a pintura que desejar.
“Telas inventadas, pinturas da mente”, individual de Éder Roolt
Em cartaz de 4 de junho a 14 de julho
Visitação: terça a sexta, de 11h a 19h / sábados de 11h a 17h
Entrada franca
Oscar Cruz
Rua Clodomiro Amazonas, 526, São Paulo, SP
Tel.: 55 11 3167.0833
info@galeriaoscarcruz.com