(Rio de Janeiro, RJ)
Lourival Cuquinha está em cartaz com a individual no MAM Rio: “Território e Capitais: extinções”. A curadoria é de Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre.
“Territórios e Capitais: extinções” é um projeto do pernambucano Lourival Cuquinha que usa dinheiro como material e as relações incestuosas entre o capital, a cultura e o desgastado ideário nacional como tema. Com a habitual irreverência crítica, ele explora as fronteiras sempre imprecisas entre arte e política, arte e mercado, arte e nacionalismo, arte e território, arte e valor.
O artista apresenta uma série de bandeiras confeccionadas com notas reais de dinheiro de diversas parte do mundo, entre outras obras. Todos os trabalhos foram produzidos entre 2008 e 2014. O destaque é a instalação “Zeitgeist”, em que um gigantesco asterisco tridimensional é formado por hastes feitas com moedas de cinco centavos de reais brasileiros. Ali estão expostas as bandeiras de diversos países confeccionadas com cédulas de diferentes unidades monetárias. “Tudo nesta exposição se relaciona com a ideia de valor. Tanto o valor do trabalho quanto o valor de mercado; o valor ideológico das bandeiras e dos territórios; o valor das peças e o valor agregado das obras de arte”, explica o artista.
Realizando-se concomitantemente ao mundial de futebol, momento em que o futebol deixa de ser festa popular para virar espaço, deveras autoritário, de poder – padrão FIFA -, trazer à tona os símbolos nacionais, as bandeiras, confeccionados com dinheiro, põe em evidência relações de força e de submissão. Da mesma maneira que o capital circula livremente sobre fronteiras nacionais, o futebol e a arte, espetacularizados, circulam sem restrições de geografia e sem identidades fixas.
Este projeto de Cuquinha nasceu de sua experiência vivendo em Londres no momento de apogeu da festa financeira pré-2008 e tem como base algumas perguntas-provocações: como repensar valores e multiplicar a capacidade de circulação de novas formas de produção e de solidariedade? Como transformar o glamour do 1% em resistência criadora para os 99% que ficam, bestificados, à margem? Enfim, como desterritorializar e descapitalizar a festa – da arte e do futebol – para que ela venha a ser de qualquer um e de ninguém?
“Territórios e capital: extinções”, de Lourival Cuquinha
De 14 de junho a 17 de agosto
Visitação: terça a sexta das 12h às 18h; sábados, domingos e feriados das 11h às 19h
Entrada franca
MAM Rio
Av. Infante Dom Henrique 85
Parque do Flamengo
T: +55 21 3883 5600