(Brasília, DF)
O artista Carlos Vergara realiza a mostra “Sudário”, no Museu Nacional Honestino Guimarães, em Brasília. Com texto de Luiz Guilherme Vergara, a exposição é formada por monotipias em lenços, pinturas, fotografias trabalhadas em 3D real e virtual, fotografias, monotipias em grande formato, vídeos e instalações.
Sudário é um pano que antigamente se usava para limpar o suor. O mais célebre é o sudário de Turim – uma relíquia cristã que supostamente teria envolvido o corpo de Jesus Cristo. Embora não haja propriamente uma relação religiosa neste contexto, é possível estabelecer relações entre este pano, que foi substituído posteriormente pelo lenço, com a ideia do homem andarilho que, ao se colocar em movimento, está aberto às descobertas que ultrapassam a ordem do visível. Luiz Guilherme Vergara afirma que “Sudário” reflete a busca e a vontade do artista de imprimir a presença ou a memória ativa do sagrado sobre a matéria, o pó e as ervas de um solo histórico por onde a humanidade se curvou no seu destino solidário.
Utilizando uma prática já presente em sua obra, a monotipia, Carlos Vergara imprime em lenços vestígios dos diversos territórios por onde passou ao longo de sua carreira. Em “Sudário”, serão apresentadas obras realizadas em lugares como Índia, Capadócia, Cazaquistão, Londres, Pantanal, São Miguel das Missões e Salvador.
A exposição aborda, portanto, uma das particularidades fundamentais na produção de Carlos Vergara: uma prática artística prioritariamente realizada pela impressão de vestígios que se dá pela poética do deslocamento e de apropriações dos lugares visitados. “Isso é possível pela minha origem com a condição de transitoriedade, sem deixar de considerar as relações interpessoais construídas no processo, as quais se tornaram importantes no encadeamento da minha poética”, explica Vergara.
Ao longo dessa poética do deslocamento e por mais de cinco décadas de vida artística, Carlos Vergara acumulou experiências e uma intensa pesquisa em materiais e técnicas de trabalho. Uma parte dessa entrega à experimentação, na qual o artista realiza apropriações da transferência de imagens para o corpo do trabalho, o público poderá conhecer nesta mostra.
“Quero que o espectador experimente o invisível através do visível. Quando fragmentos de lugares são deslocados para o âmbito do museu, outras possibilidades de significados se constroem”, explica Carlos Vergara, que deixa, ainda, algumas perguntas no ar: “Como partilhar o espanto, a curiosidade, a admiração, o conhecimento, a ignorância, o medo, a estupefação frente ao sagrado e os vestígios da aventura humana nos seus lugares? Como trazer isso embrulhado num lenço?” A mostra é um convite à viagem e à imaginação.
“Sudário”, de Carlos Vergara
Local: Museu Nacional – Complexo Cultural da República
Data: de 20 de março a 11 de maio
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 18h30
Entrada: gratuita e livre para todos os públicos
Telefones: (61) 3325-5220 e 3325-6410