Vídeo especial | Entrevista com Nelson Leirner

Até meados de abril, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a exposição “Acervo MAM-Rio – Obras restauradas”.
A mostra é composta por treze obras, todas danificadas pelo incêndio que atingiu o museu no fim dos anos 70. Doze dessas obras foram restauradas e uma, a do artista Nelson Leirner, ganhou uma réplica.

A obra é “Homenagem a Fontana”, um dos mais conhecidos trabalhos da Pop Art brasileira. Ele imita o formato de uma tela de pintura, mas é feito de tecido e zíperes. Como o título sugere é um tributo ao artista italiano Lucio Fontana. Enquanto Fontana perfurava ou cortava a tela para criar um novo espaço para além da superfície da pintura, na obra de Leirner os zíperes estão parcialmente abertos para revelar três painéis adicionais de tecido de cores diferentes (vermelho, rosa e amarelo).

Assista ao vídeo “Voando pra Pegar o Pássaro debaixo do Braço” em que Nelson fala sobre o projeto e traz um pouco de sua perspectiva crítica sobre o sistema da arte:

Assista também aos outros vídeos especiais produzidos pela Matrioska Filmes com exclusividade para o PIPA.

Sobre Nelson Leirner (texto retirado do sito do Itau Cultural):

Biografia
Nelson Leirner (São Paulo SP 1932). Artista intermídia. Reside nos Estados Unidos, entre 1947 e 1952, onde estuda engenharia têxtil no Lowell Technological Institute, em Massachusetts, mas não conclui o curso. De volta ao Brasil, estuda pintura com Joan Ponç em 1956. Freqüenta por curto período o Atelier-Abstração, de Flexor, em 1958. Em 1966, funda o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo, José Resende e Frederico Nasser. Em 1967, realiza a Exposição-Não-Exposição, happening de encerramento das atividades do grupo, em que oferece obras de sua autoria gratuitamente ao público. No mesmo ano, envia ao 4º Salão de Arte Moderna de Brasília um porco empalhado e questiona publicamente, pelo Jornal da Tarde, os critérios que levam o júri a aceitar a obra. Realiza seus primeiros múltiplos, com lona e zíper sobre chassi. É também um dos pioneiros no uso do outdoor como suporte. Por motivos políticos, fecha sua sala especial na 10ª Bienal Internacional de São Paulo de 1969, e recusa convite para outra, em 1971. Nos anos 1970, cria grandes alegorias da situação política contemporânea em séries de desenhos e gravuras. Em 1974, expõe a série A Rebelião dos Animais, com trabalhos que criticam duramente o regime militar, pela qual recebe da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) o prêmio melhor proposta do ano. Em 1975 a APCA encomenda-lhe um trabalho para entregar aos premiados, mas a Associação recusa-o por ser feito em xerox, por isso, como protesto, os artistas não comparecem ao evento. De 1977 a 1997, leciona na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, onde tem grande relevância na formação de várias gerações de artistas. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1997, e coordena o curso básico da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV/Parque Lage, até o ano seguinte.

Comentário crítico
Nelson Leirner é filho da escultora Felícia Leirner e do empresário Isaí Leirner. Desde a infância a arte moderna está muito presente em sua vida. Seus pais ajudam a fundar o Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP e convivem com boa parte da vanguarda brasileira. No entanto essa proximidade não desperta de imediato o interesse de Leirner pela arte. Resolve tornar-se artista apenas na década de 1950, estimulado por trabalhos de Paul Klee. Em 1956, passa a ter aulas de pintura com Joan Ponç. Dois anos depois, freqüenta, por pouco tempo, o Atelier-Abstração, de Flexor. Não se entusiasma com os cursos. Suas telas se aproximam da abstração informal de pintores como Alberto Burri e Antoni Tàpies. Entre 1961 e 1964, continua com a pesquisa de materiais, mas com outra direção. Interessado nas poéticas dadaístas, produz seus quadros com objetos recolhidos na rua, gerando a série Apropriações.

Em 1964, o artista abandona a pintura e passa a trabalhar com elementos prontos, fabricados industrialmente. Recolhe objetos de uso e desloca seu sentido, como em Que Horas São D. Candida, 1964. Seus trabalhos estão entre a escultura e o objeto. Dois anos mais tarde, a participação do espectador é incorporada em obras como Você Faz Parte I e II, 1966. Ainda em 1966, funda o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Frederico Nasser, José Resende e Carlos Fajardo. O coletivo promove happenings e publica o jornal Rex Time. O grupo se volta a problemas como as relações da arte com o mercado, as instituições e o público. Tudo isso abordado com base nas linguagens radicais dos anos 1960.

Em 1967, monta a exposição Da Produção em Massa de uma Pintura. Mostra a série Homenagem a Fontana, uma das primeiras séries de múltiplos do país. As “pinturas” são produzidas industrialmente. Feitas de zíperes e tecidos, objetos que tradicionalmente não têm propriedades artísticas. No mesmo ano, envia seu Porco Empalhado , 1966 para o 4º Salão de Arte Moderna de Brasília. O júri aceita o trabalho. Leirner questiona o resultado e solicita uma manifestação explicita dos critérios de admissão da mostra, criando polêmica com críticos como Mário Pedrosa e Frederico Morais, conhecida como “happening da crítica”.

A partir da década de 1970, o teor questionador do trabalho migra da ação direta para um sentido alegórico, que muitas vezes envolve o erotismo. O happening tem menos presença que o desenho e a instalação. Nessa época, Leirner se dedica a outras linguagens, como o design, os múltiplos e o cinema experimental.

A presença de elementos da cultura popular brasileira, marcante desde os anos 1960, cresce a partir da década de 1980. Em 1985, realiza a instalação O Grande Combate, em que utiliza imagens de santos, divindades afro-brasileiras, bonecos infantis e réplicas de animais. Pretende converter em arte o que é considerado banal. Desde o ano 2000, seu trabalho se apropria de imagens artísticas banalizadas pela sociedade de consumo. De maneira bem-humorada, lida com as reproduções da Gioconda [Mona Lisa], 1503/1506 de Leonardo da Vinci e a Fonte, 1917 de Marcel Duchamp como tema artístico. Com a mesma ironia, o artista replica sobre couro de boi imagens da tradição concreta brasileira, na série Construtivismo Rural.

Acesse o site do artista Nelson Leirner.

“Acervo MAM – Obras restauradas”
08 fev – 13 abr 2014

Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro
Av Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo 20021-140 Rio de Janeiro RJ Brasil.
T +55 (21) 3883 5600
www.mamrio.org.br facebook/museudeartemodernarj
twitter/mam_rio

Horários (inverno: 06 jul – 22 set)
ter – sex 12h – 18h | sáb, dom e feriados 11h – 18h
A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação.

Ingressos
Exposições R$12,00 (inclui uma sessão gratuita na cinemateca válida no dia da emissão do ingresso).
Maiores de 60 anos e estudantes maiores de 12 anos R$6,00. Domingos ingresso família até 5 pessoas R$12,00.
Cinemateca R$6,00
Maiores de 60 anos e estudantes maiores de 12 anos R$3,00. GRATUIDADES Amigos do l, crianças até 12 anos e funcionários das empresas mantenedoras e parceiras (mediante apresentação de crachá, com direito a um acompanhante) e quartas após às 15h.

Como chegar Referência: O Museu de Arte Moderna está localizado entre o Monumento aos Pracinhas e o Aeroporto Santos Dumont

Ônibus (linhas e pontos)
Da Zona Sul >> Via Parque do Flamengo: 472 (Leme), 438(Leblon),154 (Ipanema), 401 (Flamengo), 422 (Cosme Velho). Ponto na Avenida Beira Mar em frente à passarela.
Via Aterro: 121, 125 e 127 (Copacabana). Ponto na Avenida Presidente Antônio Carlos em frente ao Consulado da França.
Da Zona Norte >> 422 (Tijuca), 472 (São Cristóvão), 438 (Vila Isabel),401 (Rio Comprido). Ponto na Avenida Presidente Wilson, em frente à Academia Brasileira de Letras.
Da Zona Oeste >> Frescão Taquara-Castelo (via Zona Sul). Ponto mais próximo localiza-se na Avenida Presidente Wilson, em frente à Academia Brasileira de Letras.
Metrô: Estação Cinelândia

Acesso a deficientes Cadeiras de rodas, rampas de acesso até os salões de exposição, elevadores e sanitários especiais.

Estacionamento Pago no local 7h – 22h

Para mais informações acesse http://mamrio.org.br.


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