(São Paulo, SP)
O “33º Panorama da Arte Brasileira” ocupa o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Com o título P33: Formas únicas da continuidade no espaço, esta nova edição da mostra, em cartaz até 15 de dezembro, lança um olhar para o próprio museu, sua missão e seu histórico, com obras e projetos de 32 convidados, escolhidos pela curadora Lisette Lagnado e pela curadora-adjunta Ana Maria Maia. Pela primeira vez em 33 edições do Panorama, grupo selecionado integra a participação de arquitetos. Serão apresentados projetos idealizados por escritórios de arquitetura são variações sobre um mesmo desafio, lançado pelo 33º Panorama da Arte Brasileira: uma nova sede para o MAM São Paulo. Desde 19 de outubro, o Panorama se estendeu para vários pontos do centro da cidade. No dia 13 de novembro, no auditório do MAM, serão realizados encontros gratuitos e abertos ao público, com a participação de convidados especiais, como o arquiteto Philippe Rahm.
Batizada de P33: Formas únicas da continuidade no espaço – numa referência à escultura futurista homônima de Umberto Boccioni, que já integrou o acervo do MAM e atualmente pertence ao MAC –USP, a nova edição da tradicional mostra bienal propõe uma reflexão própria ao campo da utopia, já que, na prática, o MAM não está buscando uma nova sede.
Além dos arquitetos, que, pela primeira vez, participam de um Panorama, a curadora Lisette Lagnado selecionou artistas brasileiros e estrangeiros, que apresentam obras novas ou antigas (sendo cerca de 50% delas comissionadas), sempre correlacionadas ao debate proposto pela exposição. A lista reúne um total de 32 convidados, fruto das pesquisas de Lagnado e da curadora-adjunta Ana Maria Maia em São Paulo, Recife, Rio, Belo Horizonte e Salvador, guiadas pelos núcleos modernistas no Brasil, e também em San José (Costa Rica) e em Montevidéo (Uruguai). Essas escolhas ativam o caráter “retroprospectivo” da exposição, uma vez que há trabalhos que trazem documentos e obras do passado e outros que conjecturam uma dimensão projetiva.
Quando foi convidada pelo MAM, no ano passado, a assinar a curadoria deste Panorama, Lagnado queria uma abordagem inédita, a exemplo de Panoramas anteriores. Decidiu, então, investigar as funções que a mostra criada em 1969, por Diná Lopes Coelho (diretora do museu até 1982), havia cumprido ao longo de sua trajetória. Durante esse processo, ela chegou a uma série de conclusões: o Panorama não só inseriu o MAM na cena artística brasileira e ajudou a instituição a formar o próprio acervo (depois que sua coleção fora doada, em 1963, para a Universidade de São Paulo), como também acabou com divisões em suportes e linguagens, descentralizou o eixo Rio-São Paulo, teve um curador estrangeiro e incluiu artistas não-brasileiros.
Pensou, então, sobre o que faltaria para a mostra hoje. A resposta: uma sede adequada para desenvolver um programa à altura de uma coleção que continua crescendo. “Tomei a falta de uma sede especialmente projetada para o MAM como ponto de partida para convidar arquitetos a pensar”, conta Lagnado, reportando-se ao fato de o MAM ter sido instalado sob a marquise de Niemeyer na década de 60 em caráter precário e lá ter permanecido. “Percebi que a maioria dos artistas jovens desconhece essa trajetória que começa em 1948, no bairro do Brás – aliás, a primeira de várias sedes provisórias. A segunda exposição, em 1949, já acontece na Rua 7 de Abril, no edifício Guilherme Guinle”, completa ela.
Por causa dessa relação do começo da história do museu com o centro de São Paulo, o Panorama, além de ser exposto na sede do MAM, trará o projeto de um MAM difuso e urbano, assinado pelo escritório gruposp, a partir do dia 19 de outubro, nos seguintes pontos da região central: o Edifício Esther, na Praça da República; o Edifício Guilherme Guinle, na Rua 7 de Abril; uma empena vazia na esquina das Ruas 7 de Abril e Dom José de Barros; a Galeria Nova Barão, na Rua 7 de Abril; e a Livraria Calil, na Rua Barão de Itapetininga, com a implantação do Novo Museo Tropical – este idealizado por Pablo León de la Barra, que sustenta a ideia de um museu nômade e com acesso direto pela rua.
Nesses pontos, haverá intervenções e instalações de artistas, como a obra de Dominique Gonzalez-Foerster na Galeria Nova Barão, criada especialmente para o Panorama, na qual ela reinterpreta um posto de salvamento da orla do Rio de Janeiro (1976), do arquiteto Sergio Bernardes.
No MAM, o P33: Formas únicas da continuidade no espaço ganhará destaque na Grande Sala e Sala Paulo Figueiredo. Na Grande Sala, todas as divisórias serão removidas, criando um espaço amplo e dando visibilidade a paredes em tons azul e cinza, seguindo o projeto de Lina Bo Bardi (com André Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz) para o local. Nesse sentido, a porta principal de entrada do museu também muda durante o Panorama: o acesso se dará na face em frente do pavilhão da Bienal, voltando à circulação implantada por Lina.
Nesse rol de artistas e arquitetos dialogando entre si, Montez Magno dará a identidade do P33. “O trabalho dele faz um elo entro a arte e a arquitetura”, conta a curadora-adjunta Ana Maria Maia, referindo-se a uma síntese que caracteriza a arte construtiva e a própria produção dele no final dos anos 1950. “O pensamento de Montez estará espalhado pelo Panorama. É um artista que fala da liberdade para a arquitetura, advinda da arte, e da concretude para a arte, advinda da arquitetura.”
Encontros com artistas e arquitetos
Durante o Panorama, o auditório do MAM sedia encontros abertos ao público. No dia 13 de novembro, às 19h, o arquiteto Philippe Rahm conduzirá a mesa Arquitetura Meteorológica.
Convidados: Affonso E. Reidy, Andrade e Morettin, Arto Lindsay, Bárbara Wagner / Benjamin de Búrca, Beto Shwafaty, Clara Ianni, Daniel Steegmann Mangrané, Deyson Gilbert, Dominique Gonzalez-Foerster (com Sérgio Bernardes e Décio Pignatari), Federico Herrero, Fernanda Gomes / Pat Kilgore, Francisco Du Bocage, gruposp, Lina Bo Bardi, Marcel Gauthérot, Mauro Restiffe, Michel Aertsens, Montez Magno, Oscar Niemeyer, Pablo León De La Barra (em colaboração com Leandro Nerefuh e Yona Friedman), Pablo Uribe, Per Hüttner (com Öyvind Fahlström e Mira Schendel), Philippe Rahm, Porfírio Valladares, spbr, SUBdV, Tacoa, Usina, Vitor Cesar, Vivian Caccuri, y Arquitectura (com Ferreira Gullar), Yuri Firmeza / Amanda Melo da Mota
“33º Panorama da Arte Brasileira”
05 de Outubro – 15 de Dezembro
Endereços:
MAM São Paulo
Parque Ibirapuera, portão 3.
MAM difuso e urbano. (projeto do escritório gruposp)
Edifício Esther
Praça da República, 76.
Edifício Guilherme Guinle
Rua 7 de Abril, 230.
Empena vazia (Federico Herrero)
Esquina das ruas 7 de Abril e Dom José de Barros.
Galeria Nova Barão (Arto Lindsay e Dominique Gonzalez-Foerster)
Rua 7 de Abril, 154.
Novo Museu Tropical
(inauguração sábado, 19 de outubro de 2013)
Lançamento do catálogo da exposição
(sábado, 14 de dezembro de 2013, às 11h)
Livraria Calil (Pablo León de la Barra com Leandro Nerefuh)
Rua Barão de Itapetininga, 88